segunda-feira, maio 29, 2006

Deixa ser

"Pois é, não deu;
Deixa assim como está sereno.
Pois é, de Deus;
Tudo aquilo que não se pode ver.
E ao amanhã a gente não diz,
E ao coração que teima em bater;
Avisa que é de se entregar o viver..."
***
Ainda mais essa. Outro tiro pela culatra.
O life já está chegando ao fim...
O sol não quer nascer do horizonte motivador.
Então...
Procuro o vilarejo em mim.

sábado, maio 20, 2006

Escrevendo no vazio

Sentada à frente da tela, procuro encaixar as palavras certas para designar a incógnita que sinto. Seria fácil se esse sentimento pudesse ser denominado, porém ele é apenas um nada. Em cada movimento dos dedos uma nova possibilidade surge. É um não sentir que se sente. Um desespero consciente, porque não há sobre o que escrever, e muito menos explicar o total desconhecimento sobre o que quero dizer. Só existe um vazio. Dentro desse vazio sinto a sua presença... Há uma lacuna de saudade do que não existiu e dos sonhos que caducam à espera de realizações.

Chego a sentir algumas tragadas de esperança que se dissipam no fulgor veloz da ventania dos obstáculos e da ignorância em não saber nada daquilo que eu deveria sentir. Fico tomada de um desespero, um ódio... O coração bloqueado não agüentou as decepções e a saudade. E agora só resta um sentimento que de tão ínfimo para se demonstrar é impossível denominar. Ele não merece cada toque no teclado. Mas ainda existe esperança, por quê?... Se a porta fechou e não dá pra sair, a janela bateu e não se pode sentir e o medo reinou e está muito difícil seguir.

Nos sonhos e nos devaneios diários, que passeiam por qualquer lugar menos onde se está presente, sempre aparece uma luz. Luz essa, que se abre e me mostra um caminho para o novo ou de que nada aconteceu. Às vezes, de tão clara, ela ofusca e impede de enxergar o teor real da inovação. Só então percebo que não cultivo mais a esperança. Não existe uma luz que ofusque! Luz é sempre luz. Acho que a porta dos sonhos se fechou para mim e o radiante clarão não consegue entrar em nenhuma brecha do meu corpo.

Como é difícil escrever quando as mensagens que brotam não afagam o coração. Mas, os dedos que escrevem sobre o vazio da alma de um coração bloqueado e de um corpo que não tem brecha pra luz, um dia há de falar sobre o novo. Há de contar o quão lindo é ver a luz penetrar em cada parte do corpo. E as mãos, que impacientemente escrevem o desespero vão mostrar que nem a mais protetora das películas deve impossibilitar a chegada da luz. E, novamente os dedinhos irão escrever sobre sentimento vivo e que traz à vida.

Há de se reviver um dia. Um dia há de se reviver...

domingo, maio 14, 2006

E os anjos?

Tava na cara que não era pra ser. O que eu penso nem de longe você lembrava. Os meus desejos não coincidiam com seus planos. A sua cor era mais forte. Há menos maturidade nos seus atos, como se a mente não tivesse acompanhado o desempenho físico. Tudo que não queria é o que você mais desejava.
Mas os olhos cegaram e os ouvidos deixaram de escutar que, a cada palavra dita a distância aumentava. Negação própria e falta de personalidade dentro de um único ser.

"O tanto eu te falei,
Que isso vai mudar;
Motivo eu nunca dei.
Você me avisar,me ensinar...
Falar do que foi pra vocÊ.
Não vai me livrar de viver."

Vivia na mentira e na ilegalidade de ser aquilo que nem pretendia viver. Porém preferia ser assim a dar um sorriso sincero, amar com a vontade peculiar do amor ou beijar com um desejo verdadeiro. Faltava a respiração ofegante, o palpitar do coração, a ansiedade do esperado e do inesperado. Uma pena...

"Não ele não vai mais dobrar,
Pode até se acostumar ele vai viver sozinho.
Desaprendeu a dividir."

Não desisti de encontrar. Ainda espero que um dia isso vá passar. Torcendo pela vitória mesmo a distância. Pensando na monotonia que seria, caso houvesse a igualdade e se os planos se concretizassem. Será que assim dói menos? Não há culpados. Simplesmente, não existe o que achava que deveria existir. Fui autoritária e maniqueísta.
Então, entre o sim e o não, fiquei com o não. Exigindo um sentimento que nunca me pertenceu e assim, perdendo a posse de mim. Ainda tenho forças para continuar. A arquitetura balançou e a estrutura quase desabou. Ainda existem resquícios. Mas levantarei a mão e continuarei a andar. Com o dedinho adiante, a inconstância regendo e a velha
ousadia ao lado.

Boa de samba e sem doença no pé

O que sou até sei. Um ajuntamento de carne, ossos, vísceras, veias e sangue que corre. Coração que pulsa. Entra e sai. Mas quem sou? Um mistério indecifrável. Como se percorresse uma estrada não sinalizada e escura. Curvas e saliências. Caminhado pro desconhecido, às vezes temerosa, outras com muita coragem. Enfrentando a chuva ou iluminada pelo sol. Contemplando o céu estrelado com nuvens formatadas ao desejo da mente. Ou então, em dias com imaginação infértil, sem existência de nuvens. Acreditando no invisível e no ausente, sobretudo no não palpável. Vivendo o avesso do que costumamos ver no mundo. Faca na espinha, couro descascado e pés rachados. Sorrindo a todos e com todos. Brilho que irradia e espanta. A cada aproximação uma possível distância e, quem sabe, talvez um perigo eminente. Cuidado! Escondida atrás de livros busco o que gostaria de ser e procuro encontrar. O que o Doutor diz? Nada gravíssimo, apenas uma alteração. Mas tem que cuidar... Toda a atenção de todos. Escondida no temor da tristeza, no canto das paredes, na brisa que sopra na varanda alta do terceiro andar, diz ao mundo que precisa de carinho. Não é uma fortaleza. Frágil e delicada a estrutura estremece. Balança mas não cai. Na minha porta há fila. Altamente dispensáveis. Não fechei, eu juro! Apenas ninguém abriu. Vem com vontade e com desejo. Eles nunca faltaram mesmo. Tenho até um pouco de vergonha do que ainda não fui e até do que já desejei. Escrevo por não cantar, falo para desabafar.Preciso estar no centro. Hiperatividade e pró-atividade por grandes, longas e tortuosas estradas. Nem sei o que deve mudar, aliás, nem sei se quero. Cansei de imaginar o improvável e vou movida pela linda utopia e a eternidade dos sonhos. Vou assim perenemente vivendo os gostosos desejos e tomando os didáticos tapas na cara.

terça-feira, maio 09, 2006

Desculpa

Chegou a hora de...
Aprender,
Reviver,
Conhecer.
Passou da hora de...
Ignorar,
Virar,
Desacreditar.
Vai chegar a hora de...
Agir,
Rir,
Sem reprimir.
Aprender a olhar só.
Mas, não só pra mim.
Sem egoísmo.
Faltar essa aula.
Desaprender o rancor.
Manter a esperança.
Há de melhorar...
O que?
Alguma coisa há de ser.
Não sejamos tão conformistas.
É preciso crer na humanidade humana.
Desculpa a redudância,
Mas tem que ser assim.
Pra entrar na cabeça de cada um diretamente.
Sem dúvidas ou escalas.
Outro dia, uma mulher colocava uma criança pra fora da escola.
Ela afirmava que ele tinha roubado e aquele não era seu lugar.
Não é ali que se completa a educação?
Desculpe a redundância,
Mas o mundo tem que mudar.
Desse jeito não dá pra ficar.
Acadêmicos nos seus redutos intelectuais,
Ricos em carros blindados,
Classe média decretando a morte ao "POBREma"
Não, não...
Desculpa a redudância,
Mas alguma coisa precisa mudar!

segunda-feira, maio 08, 2006

Nasceu

Dói, mas renova.
Renova, mas não apaga.
Apaga, mas não esquece.
Esquece, mas não some.
Some, mas continua presente.
Presente, mas desaparece.
Desaparece, mas fica.
Fica, mas vai embora.
Embora pra sempre.
Da mente e do corpo.
Agora só existe o ódio, a raiva e a decepção.
Não merece ser um Humano.
Não ama.
Pra que?
Nunca amou.
Por que?
Nunca foi amado.
Como seria?
Nega-se a si mesmo.
Não sabe quem é.
Se perdeu de tanto mentir pra si e para os outros.
Sinceridade, consideração, respeito, amor e amizade.
Desconhece.
Rancor, desespero, perda, maldade e crueldade.
São seus irmãos siameses.
Uma pena,
Sozinho será!
Perdeu um diamante...
Uma linda pedra!
A compreensão de uma amizade que lhe foi confiada.
Surge um novo sentimento,
E esse é mais do que cruel.
Surge de uma fonte que jamais passou por isso.
Brota do asfalto.
Do concreto,
De onde nunca se cultivou o ódio.
Da terra infértil,
Nasceu o pior de todos os sentimentos...

quinta-feira, maio 04, 2006

Infinito particular


Existem momentos em que tenho medo. Medo do que não tentei, não arrisquei, não pedi e não concretizei. Às vezes, até tenho coragem pra arriscar, mas falta o peito pra sofrer. Enfrentar a acidez da lágrima, me assusta mais do que qualquer doença maligna. A angústia saborosa da ansiedade, dá lugar a certeza de que não ocorrerão surpresas. Tudo está determinado e segue uma rotina diária que leva ao caminho da sofreguidão. Trilha essa, sem pedras, buracos ou obstáculos. Caminho livre e sem tropeços para os braços do sofrer. Não adianta fugir ou correr em direção contrária. Há algo que atraí, puxa e arrasta para a beleza da esperança. Dizem até que ela nunca deve morrer...Mas diante de tantas evidências pretendo enterrá-lá de vez. Manda-lá para aqueles que ainda insistem em cultivá-la. Os pobres, os desiludidos e os desesperados de si e dos outros. Esses sim, por não terem outra alternativa se apóiam nisso. Um dia tudo irá mudar...E caso não.
-Deus não quis, minha filha!
O conformismo não me pertence. Meu dedinho aponta pra diante. Definitivamente não esperarei por Deus.
"Eis o melhor e o pior de mim.
O meu termômetro, o meu quilate.
Vem cara, me retrate.
Não é impossível,
Eu não sou difícil de ler.
Faça sua parte,
Eu sou daqui e não sou de Marte.
Vem, cara, me repara.
Não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim".(Marisa Monte/Arnaldo Antunes/Carlinhos Brown)