sábado, maio 20, 2006

Escrevendo no vazio

Sentada à frente da tela, procuro encaixar as palavras certas para designar a incógnita que sinto. Seria fácil se esse sentimento pudesse ser denominado, porém ele é apenas um nada. Em cada movimento dos dedos uma nova possibilidade surge. É um não sentir que se sente. Um desespero consciente, porque não há sobre o que escrever, e muito menos explicar o total desconhecimento sobre o que quero dizer. Só existe um vazio. Dentro desse vazio sinto a sua presença... Há uma lacuna de saudade do que não existiu e dos sonhos que caducam à espera de realizações.

Chego a sentir algumas tragadas de esperança que se dissipam no fulgor veloz da ventania dos obstáculos e da ignorância em não saber nada daquilo que eu deveria sentir. Fico tomada de um desespero, um ódio... O coração bloqueado não agüentou as decepções e a saudade. E agora só resta um sentimento que de tão ínfimo para se demonstrar é impossível denominar. Ele não merece cada toque no teclado. Mas ainda existe esperança, por quê?... Se a porta fechou e não dá pra sair, a janela bateu e não se pode sentir e o medo reinou e está muito difícil seguir.

Nos sonhos e nos devaneios diários, que passeiam por qualquer lugar menos onde se está presente, sempre aparece uma luz. Luz essa, que se abre e me mostra um caminho para o novo ou de que nada aconteceu. Às vezes, de tão clara, ela ofusca e impede de enxergar o teor real da inovação. Só então percebo que não cultivo mais a esperança. Não existe uma luz que ofusque! Luz é sempre luz. Acho que a porta dos sonhos se fechou para mim e o radiante clarão não consegue entrar em nenhuma brecha do meu corpo.

Como é difícil escrever quando as mensagens que brotam não afagam o coração. Mas, os dedos que escrevem sobre o vazio da alma de um coração bloqueado e de um corpo que não tem brecha pra luz, um dia há de falar sobre o novo. Há de contar o quão lindo é ver a luz penetrar em cada parte do corpo. E as mãos, que impacientemente escrevem o desespero vão mostrar que nem a mais protetora das películas deve impossibilitar a chegada da luz. E, novamente os dedinhos irão escrever sobre sentimento vivo e que traz à vida.

Há de se reviver um dia. Um dia há de se reviver...

5 Comments:

At 7:41 AM, Anonymous Anônimo said...

Na mesma linha sentimental de sempre. Adoro seus textos, a maneira como escreve de sentimento, acho que está se acostumando a escrever assim, a prova está aí, bons textos atrás de bons textos! Mas fica aqui um pedido do leitor e amigo: Queria ver vc escrevendo sobre outros assuntos, outras histórias.
Te amo, sempre!!

 
At 3:19 PM, Blogger N. said...

Assim,
a busca de estar aberta para a presença de luz é fundamental e não existe nenhuma solidão que supere o desejo. Que a esperança e o imprevisto do desespero sejam adicionante para os desvios de buracos do longo caminho e não construção de paredes que não permitem entrada dessa mesma luz que agora não surge.
Impressionante isso da luz. A lua ilumina por ser iluminada. Se não tem luz como estás a me iluminar nesse momento???
Tudo tem seu tempo neguinha... tudo...
Sua luz há de estar cada vez mais forte. Eu...? eu posso ser estrela... Acho que a gente já entende isso!!!

Lindas palavras, conectividade total...
Um xeru enorme, um beijo com carinho neguinha!

 
At 4:36 AM, Anonymous Anônimo said...

Lua,
Parece que vc anda numa fase mt literária n eh mesmo?
E melhor de tudo, seu blog está recheado de posts maravilhosos!
Qndo eu tava lendo esse texto, imaginei vc apresentando um sarau...e em seguida eu te dizia que estava sentindo uma inveja boa de vc...oh q loucura!?!?! auhauahuahauhauahuau Já to dando até pra sonhar acordado! Só espero q esse meu sonho um dia se realize.
Vc vai brilhar!!!!
ehehehe
TE AMOOOOOOOOO

 
At 10:15 AM, Anonymous Anônimo said...

Lua, gostei da mudança do template.
Lendo o post, me deu vontade de cantar pra vc:

"êh, saudade...
que bate no seu coração!!!"

Ah, já fez um ano que tudo mudou na minha louca vida... Uia!

Saudades de vc.

 
At 2:26 PM, Anonymous Anônimo said...

Quando vamos nos ver?

Passa lá no A vida em palavras

http://alenacairo.wordpress.com/

 

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