segunda-feira, abril 23, 2007

Do dia

É melhor ser alegre que ser triste,
alegria é a melhor coisa que existe...

Dia bom. Surpresas agradáveis.
Coisas simples me deixam alegre.

PS: Ao escrever este post a televisão estava ligada em um desses canais católicos. O assunto era o aborto. Não sei ao certo o nome do programa, mas no meio da "pregação" a apresentadora soltou a seguinte frase:
-Você, mãe que está grávida e não quer o
seu filho. Dê-os pra nós!
A Igreja Católica está fazendo adoção em massa?


Por que não se fala na possibilidade de redução da maioridade penal, nem na Reforma Agrária ou na Política Econômica adotada pelo governo?

Essa insistência em manter o debate das questões nacionais no âmbito puramente moral e religioso é lamentável.


sexta-feira, abril 06, 2007

Senhora de mim

Hoje minha mãe resolveu ter uma conversa séria comigo. Queria saber como andava minha vida amorosa e me dar conselhos acerca das minhas atitudes. Disse que eu estava saindo demais e parecia estar sendo muito “exigente” nas minhas possíveis escolhas. E pra completar profetizou que se continuasse agindo dessa forma acabaria sozinha. Ainda de pijama e um pouco sonolenta não acreditava que aquele seria meu primeiro diálogo do dia.
Ignorando minha voz rouca e seguida de bocejos passou a citar vários casos de amigas delas que de tanto escolher pretendentes acabaram solteiras, leia-se “sem marido”. Escutei pacientemente toda aquela conversa, não que estivesse achando interessante, muito pelo contrário, mas andava tão em dívida com ela que, naquele momento, aqueles minutos de atenção não me faria tão mal.
Com uma energia incrível para àquela hora da manhã ela dava continuidade à prosa enumerando como me comportava, como se me acompanhasse em todas as festas,com os caras que me davam bola. Lembrei de todos os pretendentes “arrumados pela família”. Filhos de vizinhos, irmão do primo do padrinho, criaturas que eu realmente não tinha esbanjado muita simpatia.

_Lembra do Igor? Filho da Cláudia. Ele é um menino bom, família legal e se você pedir traz uma estrela do céu.

_ Ah não, mãe, esse pegava no meu pé e se eu deixasse me ligaria 30 vezes ao dia. Já tive essa experiência e não gostei, disse estendendo meu braço pra alcançar a caixa de leite.

Então o Carlos, o Daniel... E citou outros nomes de “desencalhadores”, enquanto misturava o leite ao meu achocolatado. Depois de ouvir todos os argumentos dela comecei a explicar o porquê de estar só. Primeiro,falei que por muito tempo cultivei um sentimento em que não era correspondida e isso me impediu de viver outros romances, pois mantinha acesa a esperança de conquistar aquele amor. Meio surpresa ela ouvia aquela revelação. Será que realmente achava que eu era incapaz de me apaixonar? Continue explicando-lhe e ela atentamente ouvia, talvez nunca eu tivesse sido tão aberta com ela.
Aí, continuei, passada essa fase, comecei a sentir, de fato, o prazer de estar sozinha por inteiro sem as esperanças forjadas que uma paixão não-correspondida traz. Puxou a cadeira e sentou de frente para mim enchendo mais uma xícara de café, acho que aquele era o motivo da disposição. Falei que estava aproveitando coisas que essa “independência” me trazia e, ainda mais, jovem como era não tinha motivo para desespero diante da possibilidade de “ficar para titia” o que, por sinal, não me assustava nem um pouco.
Passou a olhar-me mais profundamente enquanto levava o segundo gole de café à boca. E que se parasse pra pensar diante dos planos que fazia para minha vida talvez “ficar pra titia” fosse a melhor opção. Disse ainda que ela não devia se preocupar porque não estava frustrada por não conseguir um companheiro e que no fundo, agora, preferia as relações pontuais e que elas me faziam muito bem.
A reação foi melhor do que eu esperava. Ao fim de todos os meus argumentos, e do café que tinha ingerido em três longos goles, ela pode até não ter se convencido, mas ao menos, encerrou o assunto naquela hora. Pude então, tomar meu achocolatado em paz. Já havia até despertado da sonolência diante daquele assunto matinal. Ficamos caladas até meu celular tocar.

_Oi...Praia?... Tudo bem! Até já. Beijos!

_Mãe, vou a praia, tudo bem?

_São os pontuais? Perguntou

_Amigo, mãe. Ponderei

_Fiquei pensando se eu tivesse essa conversa que tivemos com minha mãe...

Sorri apenas. No fundo ela estava orgulhosa de mim. Acho que sou tudo que ela sempre quis.

_Vá, minha filha. E esquece o que sua velha mãe disse.

Abracei-a.

_Amo você, velha.