domingo, maio 27, 2007

Que

Penso em tudo que já vivi, no que já tive e em tudo que posso ter.
Penso no que consegui, o que não consegui e o que ainda vou conquistar.
Penso no que perdi, no que nunca me pertenceu e o que ainda vai estar em minhas mãos.
O que tive, o que penso e o que perdi.
O que não tive, não pensei e nunca ganhei
Não se compara ao que sinto agora
Nada se compara.

Mãe

Tão difícil escrever pra alguém que amor é algo incondicional...
Já que é dia das mães vou aproveitar pra externar sentimentos que ficam guardados o ano inteiro. É dia de acordar e dar um abraço mais gostoso na pessoa que nem sempre nos entende, mas acima de tudo nos ama. A ela que tem a sensibilidade de perceber que algo não está bom pelo simples olhar de desalento. A que bota nossa comida, passa a roupa quando estamos atrasadas, faz uma vitamina pra podermos dormir mais um pouquinho...
Mas não posso trazer uma carta a você, minha mãe, de forma generalizada. Tenho que falar de você. De nós e do nosso amor. Dentro das diferenças que compõem qualquer relação o que pode ser mais admirável é o estabelecimento de respeito. Não o respeito no sentido de submissão. O respeito no sentido de admiração. Admiração total. Como mulher, esposa, profissional e mãe. E desse jeito, muitas vezes quieta, que defino meu amor incomensurável por ti. Sou uma mulher de sorte. Tenho “mães”. As mais lindas e que melhor cuidam de mim. Que brigam, entendem e salvam. Meu porto-seguro. Então, mãe, hoje quero aproveitar a minha falta de jeito com as palavras verbalmente faladas, para expressar nessas linhas que a amo. Mas amo muito. E vou estar sempre perto. Sempre! Como a jura do casamento: “Na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Por todos os dias da nossa vida!”.

PS:Esse texto escrevi pra minha mãe no Dias das Mães. Foi feito às coxas, mas mesmo assim ela chorou horrores. Acho que andava muito em falta com ela. Rsrs

sábado, maio 26, 2007

Cor

Dizem que quando se quer se pode
Mas o nosso querer não é universal
Todo mundo quer um pouco também
E isso não é de todo mal

São as não-cores da vida
Ela nem sempre é colorida
Mas o cinza também é cor
Não é belo, mas é cor

Falta o quente
Mas a se sente
Falta o belo
Mas sempre vai ser cor


Obs: Para Rai. A mais colorida nessa vida furta-cor. Ora escura, ora cheia de luz.

Medo

Preciso aprender a valorizar o que sinto
Se não quero é não quero e pronto
Me conheço o suficiente e sei exatamente até onde devo ir
Mas por que insisto?
Hoje acordei com medo
Medo de que cedendo tanto eu acabe sem saber quem sou
Preciso de firmeza, pulso e certeza
Não quero me perder dentro de mim
Me arrisco à toa
Acordo receosa...
Não quero mais assim

quinta-feira, maio 24, 2007

Pontuais

Um pingo na esquina
Uma gota na surdina
Nada de torrentes
No máximo chuvas fortes
E assim...
Desse jeitinho...
Não se enche um só copo de alegria

sábado, maio 19, 2007

Com tempo ruim todo mundo também dá bom dia

Era uma tarde normal. O sol não brilhava mais forte, nem seus raios traziam algum clima poético. A rotina era exatamente a mesma. Era o sentar, ligar e digitar. Não tava dando mais. Mas as coisas seguiam. Seguiam não sabia pra onde, mas ia levando pra algum canto. Precisava me livrar daquilo. Mas como? E a tarde era tão normal que irritava. Ultimamente estava assim. A vida cheia de tardes, noites e manhãs normais. Um feijão com arroz insuportável. Mas nessa tarde normal alguma coisa fugiu do previsível. Era uma tática do inesperado e da ousadia. E devagar foi chegando. Era a identificação imediata. Os interesses convergentes e o papo fluente. E na tarde normal alguma coisa mudava.

“De repente fico rindo à toa, sem saber porque...”

E foram sonhos. As tardes deixaram de ser normais e eram a espera. Era o cantar e as músicas. Era a vontade de chegar aonde se estava distante. Tinha uma cigarra no peito que não parava de cantar. Os olhos da morena brilhavam. Traziam uma luz. O calor e o ardor previam todo resto. Não havia o toque, mas era o do sonho. A ansiedade pela chegada. Era o grito esfumaçado de muito longe que eram sentidos como uma brisa suave ao tocar na pele.

“São coisas dessa vida tão cigana... Vontade de chegar e ó eu chegando.”

E se estabeleceu. A menina saltitava. Foram os abraços, os beijos, o calor, o suor, as palavras e a rosa. A rosa com o cheiro da pele e da esperança. A esperança cheia de vontade. Vontade e certeza de que seria diferente. Já tinha me livrado das tardes normais e elas estavam cheia de movimento. E eu queria. Queria tanto que as pernas tremiam de vontade. Mordia os lábios de ansiedade e o peito apertava de verdade.

“Ah, rosa, e o meu projeto de vida?
Bandida, cadê minha estrela-guia?
Vadia, me esquece na noite escura, mas jura
Me jura que um dia volta pra casa...”

E numa noite fria acabou. Era muito fria. As mãos trêmulas enxugavam as lágrimas dos olhos brilhantes da morena. Era a dor. Tudo ia voltar a ser normal. Até tentaram me mostrar outros caminhos. Cega outra vez. Errei a porta. Troquei o apartamento. Não era bem por ali, deveria ter tomado a primeira à esquerda. Tudo bem, essas esquinas estão tão parecidas. Tudo muito igual mesmo quando parecem ser diferentes. Constroem as mesmas coisas sempre. Mas foi isso aí. O tempo fechou, mas só sei que cansei dessa coisa de ser normal.

Meu caminho

"... eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim".

_____

E a vida é assim
Um caminho longo ou curto.
O fim pra iniciar tudo outra vez.
São as pegadas na areia ao nascer do sol
É um beijo estalado, oportuno ou roubado
Ou pode ser
A inconstância e a contradição
As juras de eternidade na efemeridade
É o crescer, desenvolver e...
O resto da rima não cabe
São os sonhos não castrados
O sorvete bem chupado
O clamor exclamado
E a dor gritada
Ah, a vida...
Como ela grita.
Pára, chega, vem, sai, segue, esquece!
É, esquece...





segunda-feira, maio 14, 2007

Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


O mestre Vinicius a falar melhor do que qualquer alma errante.

domingo, maio 13, 2007

Deita e sonha

O mundo era chato. E tudo estava sob controle. Era deitar e dormir. No máximo um sorriso interno devido a alguma travessura do dia. As músicas eram belas, somente por serem belas...

Aí veio um vento forte. Impulsionado por um grito inoportuno e descompromissado. Mas ecoou. Ecoou no abismo de uma solidão latente marcada pela resignação. Eis que a vida ressurgiu. As mais belas canções de amor foram ouvidas e os melhores poemas recitados. Uma ansiedade contínua. Era a esperança de salvar a vida escondida nas profundezas. E ela ouviu. Tímida, desconfiada, mas intensa. Era ela, sua força e sua vontade. A vida via a luz. Tanto tempo no ocaso havia feito ela esquecer o quanto o brilho da luz irradiava. Isso lhe motivou a avançar. Não havia empecilhos. Aos poucos, a cada passo, sentia a energia da luz tocar no seu esquálido corpo e reavivar todo resto.

De repente não havia mais nada sob controle. As noites não eram só de sorrisos. O mundo continuava chato. E a luz que irradiou no alto do abismo escuro? Logo após os sorrisos de travessura se adormece. Então a vida desce e sonha.

Não haverá

Nunca foram flores, mas sempre vi a primavera. Mesmo sem trilha sonora havia uma melodia que embalava o coração. Como é possível existir dor quando a vontade é de amar? O sofrimento é maior do que quando há certeza da perda. Quando se perde, se perde e pronto. Mas quando há um fio de esperança, aquele que afasta qualquer chance de negação, o martírio aumenta e isso conduz ao inevitável. Dói saber que não haverá olhar terno ou uma admiração tal qual a ótica de um fã incondicional.Dói saber que não haverá.
Exatamente isso. Não haverá!