segunda-feira, fevereiro 06, 2006

A dor indolor

Quero os beijos não concedidos,
Os abraços não sentidos,
O suor não derramado,
O gozo não proferido.

Eu quero um jura emanada do coração,
A promessa de um viver sem sofreguidão,
Um caminho seguido lado a lado.
Eu quero a sorte de ter o seu amor por mim desprezado.

Como podem desperdiçar um amor assim?
Sorte, porque me virastes as costas?
Logo eu, que sempre andei tão em conformidade contigo.

Sofro por não saber quem és,
Como és,
Quando és,
Onde és.

Sofro por jamais ter sido embalada por sua canção,
Sofro por que cantas em outra sinfonia.
O seu ritmo é outro!

Até quando suportarei essa dor?
A dor da saudade do que não vivi,
Da perda do que nunca esteve em minhas mãos,
E da ausência sem a presença.
Como suportarei a dor do que está na minha vida muito perto da solidão?

Um ensaiozinho

“Na Bahia não se nasce, estréia!”. Quantas vezes você já ouviu essa frase? Muitas aposto. Mas sabe o que acho dela? Uma verdadeira falácia! E vou explicar porque. A atual forma como a cultura vem sendo conduzida no nosso estado, mais especificamente em Salvador, só confirma que essa não passa de mais uma mentira velada e que há bastante tempo é empurrada na cabeça dos turistas e dos próprios soteropolitanos.

O ato da estréia, no sentido da famosa frase, significa que todo baiano nasce para o meio artístico. Como se os primeiros berros infantis soassem de forma cadenciada, indicando uma evidência musical ou as necessidades fisiológicas liberadas na cara do médico pelo bebê, ao nascer, mostrassem uma predisposição a um humor crônico, praticamente implícito ao nosso ser. Afinal, baiano que é baiano não tem mau humor, adora pagode, carnaval, acarajé, freqüenta terreiro de macumba e para completar é preguiçoso pra caralho, tudo exatamente nessa ordem.

Esta frase, muito utilizada pela mídia externa e confirmada por pseudo-artistas, que se dizem representantes da Bahia, tenta mascarar o funcionamento verdadeiro da “estréia” baiana. Para nós, baianos-que não necessariamente gostamos ao mesmo tempo de pagode, carnaval, acarajé e não freqüentamos terreiro de macumba - e que acompanhamos de perto o nascimento das manifestações culturais aqui na cidade, sabemos que os espetáculos não surgem de forma assim, tão espontânea nas maternidades Climério de Oliveira ou Ticyla Balbino.

Os espaços são bem menos democráticos. Hoje, para se assistir a uma estréia de um baiano, é necessário juntar-se com uns amigos e comprar uma “casadinha”, ou então gastar um valor referente à metade do salário mínimo indo para um camarote de área VIP com as mais variadas cores de camisas. Quando não, pagar R$60,00 para assistir um espetáculo no TCA-um teatro mantido com recursos governamentais, que por sua vez, se mantêm com recursos de impostos, que nós- baianos que estreamos- pagamos nas contas.

Ostentamos a arrogância de pertencemos a um Estado, que todos afirmam possuir características absolutamente peculiares. Em certa medida eu até concordo, temos características próprias, assim como qualquer lugar do Brasil ou do mundo. Nenhum lugar é igual ao outro. O que não concordo é que façamos dessas singularidades um pedestal que nos deixem cego para a verdadeira realidade que nos cerca. Pois, não percebamos-ou não nos deixam perceber (Emtursas, Bahiatursas, Propegs)-o quanto estamos sendo demasiadamente levianos em exaltar uma cultura que o povão não conhece.

Temos uma política cultural verdadeiramente escrota. Que pisa nas companhias populares e de raiz e promove porcarias. Os teatros alternativos são largados ao léu e a boa vontade da “responsabilidade social” das empresas. Tiram leite de pedra todos os meses, para manterem o acesso à cultura- que é um direito constitucional- a todos. Enquanto meia dúzia de artistas monopolizam circuitos-musical, teatral...- “sugando” todos os patrocínios e atenção da mídia.

Nós - baianos também, mas que estamos longe dessa famosa estréia-aguardamos o dia em que alguns dos irmãos Rangel ou a DM9 venha “marketizar” o nascimento da estréia digna, de um baiano que se preza. Enquanto isso... Vamos por aqui ouvindo piadinhas e fazendo a “baianada” (gíria que os simpáticos paulistas nos atribuíram), de acreditar que somos o estado da diversidade.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Em busca


Há muito tempo tenho pensando em escrever sobre meus sentimentos, mas...


Como Raul Seixas disse: Ninguém nesse mundo foi feliz se amou apenas uma vez. E nesse mesmo sentido, Cazuza completa dizendo que o amor, nós inventamos pra distrairmos e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu.
Pegando essas duas máximas, vou tentar explicar o que quero dizer. Sempre ouvimos dizer que primeiro amor à gente nunca esquece, ou que AMAR de verdade, só acontece uma vez. Se for assim, nunca amei ninguém! Explico o porque dessa conclusão, pra muitos estarrecedora, e pra outros comum. Como já puderam perceber (pelo nome do blog, pela minha descrição no about me e pelo primeiro post) sou uma pessoa muito inconstante (preciso encontrar outra palavra pra me definir, essa está ficando muito previsível e logo começará a perder a graça). E no amor, não é muito diferente. Já me apaixonei algumas vezes, mas reconheço que sempre senti uma paixão por conveniência. Só me apaixono por quem me retribui esse amor, quando não, procuro cair fora. Mas, como algum filósofo, ou antropólogo, ou um bêbado de esquina disse: Para tudo existe uma primeira vez! Ela ainda não chegou e temo muito por isso (pois sinto a sua proximidade). Sou uma pessoa que quando se interessa por alguém, entrego-me totalmente, sem medo e ultimamente ando tão frágil que qualquer carinho pode me balançar. Não porque eu queira, NÃO QUERO MESMO! Como escrevi no post abaixo, acho que alguém na minha vida só iria me atrapalhar, mas ao mesmo tempo preciso tanto de carinho... Estou numa fase, que incrivelmente não consigo ficar (no sentido contemporâneo da expressão) com ninguém. Vou pra festas, saio sempre e vou até pra micareta, e NADA! Normalmente não fico (beijo) deliberadamente, sem conhecer, conversar... Comigo não rola dessa forma. Talvez seja por isso, ou talvez seja porque esse é o meu momento de solidão absoluta, sem nem ganhar um beijinho, que não esteja rolando nada, embora eu nem veja isso como trágico. Vejo como paz e um momento oportuno para me descobrir ainda mais. Nesses últimos meses de conflitos existenciais, isso deve ta se refletindo na minha vida amorosa. Mas me pergunto: Quando será diferente?Quando deixarei de ter conflitos? Acho que nunca, se a solidão for realmente o que me restar, que ela venha. Não duvidem, não se assustem e muito menos se preocupem comigo, pois ela pode ser o caminho de todos nós. Mas sinceramente falando, EU NÃO A QUERO. Mas, se esse é o momento, pacientemente vou aqui, esperando o sossego chegar, ao lado de quem quer que seja...