quinta-feira, junho 14, 2007

De amor e de paz

A vida tem que seguir. Sabe quando se imagina que está na melhor maré de sorte? É uma sensação de invencibilidade total. Somos imbatíveis! E pra curar essa síndrome de Clark Kent só um bom e velho “banho de água-fria”. Pode ser a resposta negativa de um emprego quase certo ou um “fora” da pessoa que você tinha certeza estar completamente apaixonada por você. É o choque com a “real realidade”.

***

Era muita ansiedade. Há tempos não havia frio na barriga. Era o pensar na roupa que deveria usar e na batalha interminável do tic-tac do relógio que insistia em passar lentamente. Lembrava da leve rouquidão da voz, do despojar ao deitar como se meu espaço fosse o seu e a intimidade ao tocar a pele tão sedenta por aquele amor. Éramos velhos conhecidos daquela noite. Noite aguardada desde o primeiro contato. Sentir a cada linha trocada a aproximação. O dia a espera da noite, para, ao deitar, pensar em levantar. O sol não era o mesmo sol, a lua não tinha a mesma luz e a brisa tocava mais suave no caminhar. Mas as horas demoravam a passar... Ainda podia sentir o seu cheiro por entre os meus cabelos e ver as marcas no meu corpo. Sabia, inclusive, o que iria te confidenciar. Falaria do meu dia. Das vitórias, do trabalho, da família, da faculdade... Era outra noite. Mais uma noite de encontro. E a semana tinha sido a espera por essa outra noite. Não havia a paz. Quem perde a paz ganha o amor. E eu sempre preferi o amor a qualquer outra coisa. Eu queria esse amor.

Mas o relógio parou! O amor não me queria, não era meu. Ele não ansiava ouvir sobre meu dia e nem tinha aguardado a segunda noite. Esse amor era efêmero. A rosa murchou e os olhos da mulher morena encheram da mais salgada das águas. Na barba por fazer roçava um rosto diferente. A voz rouca, na segunda noite, sussurrava em outro ouvido. Talvez um novo peito a ficar ansioso por outra noite que não aconteceria. É, talvez... O frio na barriga, congelou e o deitar era dormir.

1 Comments:

At 6:12 PM, Anonymous Anônimo said...

Mikinha, adorei seus textos!! Parabéns mika poeta!!

 

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