sábado, maio 19, 2007

Com tempo ruim todo mundo também dá bom dia

Era uma tarde normal. O sol não brilhava mais forte, nem seus raios traziam algum clima poético. A rotina era exatamente a mesma. Era o sentar, ligar e digitar. Não tava dando mais. Mas as coisas seguiam. Seguiam não sabia pra onde, mas ia levando pra algum canto. Precisava me livrar daquilo. Mas como? E a tarde era tão normal que irritava. Ultimamente estava assim. A vida cheia de tardes, noites e manhãs normais. Um feijão com arroz insuportável. Mas nessa tarde normal alguma coisa fugiu do previsível. Era uma tática do inesperado e da ousadia. E devagar foi chegando. Era a identificação imediata. Os interesses convergentes e o papo fluente. E na tarde normal alguma coisa mudava.

“De repente fico rindo à toa, sem saber porque...”

E foram sonhos. As tardes deixaram de ser normais e eram a espera. Era o cantar e as músicas. Era a vontade de chegar aonde se estava distante. Tinha uma cigarra no peito que não parava de cantar. Os olhos da morena brilhavam. Traziam uma luz. O calor e o ardor previam todo resto. Não havia o toque, mas era o do sonho. A ansiedade pela chegada. Era o grito esfumaçado de muito longe que eram sentidos como uma brisa suave ao tocar na pele.

“São coisas dessa vida tão cigana... Vontade de chegar e ó eu chegando.”

E se estabeleceu. A menina saltitava. Foram os abraços, os beijos, o calor, o suor, as palavras e a rosa. A rosa com o cheiro da pele e da esperança. A esperança cheia de vontade. Vontade e certeza de que seria diferente. Já tinha me livrado das tardes normais e elas estavam cheia de movimento. E eu queria. Queria tanto que as pernas tremiam de vontade. Mordia os lábios de ansiedade e o peito apertava de verdade.

“Ah, rosa, e o meu projeto de vida?
Bandida, cadê minha estrela-guia?
Vadia, me esquece na noite escura, mas jura
Me jura que um dia volta pra casa...”

E numa noite fria acabou. Era muito fria. As mãos trêmulas enxugavam as lágrimas dos olhos brilhantes da morena. Era a dor. Tudo ia voltar a ser normal. Até tentaram me mostrar outros caminhos. Cega outra vez. Errei a porta. Troquei o apartamento. Não era bem por ali, deveria ter tomado a primeira à esquerda. Tudo bem, essas esquinas estão tão parecidas. Tudo muito igual mesmo quando parecem ser diferentes. Constroem as mesmas coisas sempre. Mas foi isso aí. O tempo fechou, mas só sei que cansei dessa coisa de ser normal.

1 Comments:

At 5:21 PM, Anonymous Anônimo said...

massa!

 

Postar um comentário

<< Home