terça-feira, abril 11, 2006

Apenas mais uma de amor...

Era uma sexta-feira comum. Faculdade, trabalho e nada mais. Não tinha programado coisa nenhuma com os meus amigos para a noite, mas definitivamente não queria ir pra casa. Estava meio estranha e nesses dias de melancolia prefiro até ficar sozinha, em algum lugar que não seja o meu quarto-durmo assim que entro nele. Queria refletir, pensar, conversar comigo... Resolvi que iria ao teatro ao lado do meu trabalho. Iria sozinha mesmo, sempre fiz isso e realmente estava precisando. O dia não estava legal e não conseguia produzir direito. Havia uma matéria pra entregar no final do dia, um telefone que não parava de tocar e a caixa de email que era alimentada a cada minuto... Grrrrr! Estava começando a ficar irritada. Todas essas situações reunidas, agravadas ainda ao período que antecede a ovulação, no qual a mulher fica absolutamente sensível e/ou irritada, dramática e triste só pioravam a minha “fossa”.
Lá pelo meio da tarde, resolvi chamar um amigo para me fazer companhia à noite. Caso ele fosse, não iria ao teatro e ficaríamos em um barzinho próximo, para conversamos, debatermos, chorarmos, etc... Ele aceitou e assim ficou combinando: Sairia do estágio e encontraria com ele. Pronto! Programa da noite decidido, nenhum reggae duro, nem festa badalada. Um simples encontro entre amigos para conversar, beliscar algumas coisas e depois seguir para casa.
Estava me sentindo profundamente triste. Falta de algo que sabia exatamente o que era, mas preferia não acreditar que “aquilo” tinha tomado tamanha dimensão. Mesmo tendo certeza do quanto é efêmero esse tipo de sentimento e que o romantismo e a jura de eternidade só existem efetivamente em poesias, músicas e livros, estava presa a algo que passava muito distante de qualquer sonho de eternidade. No plano real, na vida vivida, as coisas são bem diferentes. E quando se fala em amor que não é recíproco...
Nós, seres humanos, somos absolutamente frágeis. Seja quem for. Pobre, rico, branco, negro, os que têm de tudo, ou os que não têm nada. Todos, sem exceção, assim como o mais perfeito dos sistemas tecnológicos ou a mais perfeita das máquinas, possuem uma brechinha que lhes permitem sofrer, chorar, desesperar-se e pensar em desistir. E comigo seria diferente? A mais mortal das mortais. A que chora, ri, canta, dança. Não, não seria... Dividida em momentos e em fases que se modificam em questão de horas, por que não sentiria a fraqueza peculiar de todos os frágeis seres humanos? Claro que sim! Alguns dizem que enchendo-se de tarefas não existirá tempo para assim lembrar de coisas externas. Mentira! A falha, a infeliz brechinha da máquina humana não tem o botão “Mega Plus Esquecimento de Tristeza, Coisas Desagradáveis e Afins”. Talvez, com esse botãozinho todos os nossos problemas estivessem resolvidos. Porém, até a mais perfeita das máquinas possuem a maldita brechinha e até o suposto eficiente botão, com certeza iria falhar. Voltando a realidade: sem o botão e com a brechinha escancarada, encarei o resto da tarde. Horário de trabalho concluído e sem conseguir cumprir metade das minhas tarefas, prosseguir para encontrar meus amigos. Não estaríamos mais sozinhos, pois outro amigo resolveu ir ao encontro. Os três, sozinhos, em um bar, o que seria discutido? Os dois sabiam de tudo que se passava no meu coração nos últimos tempos(seja de problemas biológicos ou sentimentais), então não sentiria nenhum receio em desabafar com meus companheiros. Algumas cervejas pra dentro (eu era a única que não bebia) e o papo seguia solto. Como de costume, falamos mal de algumas pessoas (normalmente as mesmas) e depois começamos a contar sobre as nossas carências. A solidão é parte da existência do ser humano. Nunca estamos inteiramente completos e muito menos satisfeitos com o que temos. A inconstância nos rege, agindo assim de forma a nunca compreender as nossas ações, reações, e principalmente os nossos desejos. Diante de todas essas dúvidas, que jamais serão esclarecidas, conversamos muito sobre as nossas aspirações no quesito amor. Tínhamos repertório suficiente pra estendermos aquele papo até o dia nascer, entretanto as nossas condições não permitiam. O assunto, ao menos naquele momento, não era agradável para nós. Os sonhos, os planos e os desejos que se espera quando se está apaixonado, no nosso caso, não era interessante, afinal era algo particularmente nosso. O “objeto” de toda nossa cobiça simplesmente ignorava todos os nossos “esforços” em conceder uma vida ao nosso lado, para eles éramos apenas nada. Então resolvemos que não tocaríamos mais naquele assunto, pelo menos não naquela noite. Era um dia de comemoração a nada. Como costumo dizer, um brinde a vida, e definitivamente não valeria a pena gastar nosso leque de abordagens com um assunto que nem de longe nos traria prazer. É engraçado, como sabemos que o amor, tal qual como é idealizado só existe nas músicas, poesias... No plano da realidade e da razão, a convivência, o comodismo e as descobertas minam qualquer sentimento de eternidade. Mesmo assim, insistimos em chorar, insistir e acreditar na constância desse sentimento tão obscuro e indefinível.

2 Comments:

At 6:01 PM, Anonymous Anônimo said...

Amiga...
esse texto ta mt bom!!! Vc sabe q eu amo tudo q vc escreve...e q as vezes sou ate suspeito de falar...
mas eh isso.
Cada vez q leio uma coisa sua, imagino vc longe...mt longe!!!
Vc superando tudo e todos...e esse pensamento parte n so da minha cabeça, mas do meu coraçao!!
EU TE AMO MINHA POORRRAA!!!!
EHEHEHHEHEHE
BJAUMMMMM

 
At 6:23 PM, Anonymous Anônimo said...

Extremamente simpático o texto! Não só simpático com verdadeiro. E isso é o que eu admiro em vc minha colega, essa forma tão verdadeira como escreve! Seu texto me tocou!!! Parabéns, adorooo!!

 

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